terça-feira, 20 de março de 2012

A MULHER AINDA SOFRE PRECONCEITO

Século XXI, Lei Maria da Penha, mulheres no mercado do trabalho, igualdade de gêneros apregoada por todos os cantos. Apesar dessas conquistas, 10 mulheres são assassinadas, no Brasil, diariamente, a maioria por motivos banais, como recusa a fazer sexo, rompimento de relacionamento, pedido de pensão alimentícia, falar demais. A situação se agrava a cada ano.
O que está acontecendo? É ponto pacífico o fato de que as relações entre homens e mulheres se estabelecem principalmente sob o signo do poder, e que este poder sempre foi exercido historicamente pelo homem. Mas há várias outras vertentes, como a projeção insistente e exclusiva do arquétipo feminino na mulher, a necessidade de atualização desse arquétipo, o preconceito de gênero, o patriarcado, etc...
Parece-me que o preconceito de gênero é um bom caminho para reflexão. A doutora em Sociologia e consultora internacional sobre a temática Gênero e cidadania social, Paolla Capellin, faz uma importante distinção entre preconceito e discriminação. O preconceito, segundo a socióloga, está no ideário dos indivíduos, enquanto a discriminação é a materialização do preconceito. A discriminação é passível de ser interditada e criminalizada; só pode “ser proibido pela consolidação da ética no e pelo sujeito”.
Preconceito é uma questão ética, e a falta de ética talvez explique a ineficácia das leis tão avançadas de proteção à mulher. Se o cidadão comum e os responsáveis pela aplicação da lei estão contaminados pelo preconceito de gênero, as ações se desvirtuam pela necessidade de dar vazão ao preconceito.
As piadas e histórias que desqualificam as mulheres, com certeza, é uma forma de dar vazão ao preconceito e de perpetuá-lo na mente das pessoas.
O momento pede conscientização, responsabilidade e integridade. Conscientização de que as polaridades masculinas e femininas devem ser trabalhadas e valorizadas na própria alma; responsabilidade para respeitar o parceiro do sexo oposto, antes de tudo como um indivíduo; e integridade para externar, através de ações, o respeito e o valor que o sexo oposto merece.
Márcia Matos é jornalista

Nenhum comentário:

Postar um comentário